segunda-feira, 25 de abril de 2011

Rio - O filme


Algumas percepções

O filme percorre pelo Rio de Janeiro do calor e da praia, da alegria, da festa, do samba, das cores: O do imaginário.

A animação dos criadores de A Era do Gelo, também dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, conta a história de Blu, uma arara-azul macho que vive com sua dona (Linda) nos Estados Unidos, e volta ao Brasil para encontrar Jade, uma arara-azul fêmea, em prol de sua preservação, já que são os últimos da espécie.

Rio mostra um show de técnica e beleza. Quando o simpático Blu pisa em solo carioca desenrola-se uma aventura na cidade. Ele conhece Jade, amante da liberdade, bela e independente; Assim sendo, seu oposto, já que Blu foi criado no calor do lar em Minnesota (EUA) com todas as mordomias. E nem sequer sabe voar.

O longa encanta, principalmente, pela intensidade das cenas. É um espetáculo com as cores do Brasil, onde a beleza do Rio de Janeiro é a principal atração. Vale destacar dois momentos: Primeiro, o voo de asa-delta de Blu, Jade e o tucano Rafael, que sobrevoam o Cristo Redentor. É incrível a realidade da imagem. O segundo acontece no desfile das escolas de samba. Mesmo no escuro do cinema, não dá para não bater o pé chão, tamanha força da cena. A música e o mar de pessoas e brilhos entram em nós. É, sem dúvidas, uma maravilha visual que tende a agradar.

A história se resume nos voos (ou não) de Blu. E claro, também tem vilões. Apresentam-se como traficantes de pássaros que sequestram Blu e Jade. Estes conseguem escapar, e inicia-se a perseguição dos sequestradores e sua "ave escudeiro", Nigel, a malvada cacatua. Linda e o Dr. Túlio, responsáveis por Blu e Jade, ficam aflitos e correm nessa jornada atrás de suas araras. E é nesse ritmo que o filme toca.

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Um ponto que não passa batido: Os estereótipos que a cidade carrega são presentes no longa. Assim que Linda e Blu embarcam no Rio, já se deparam com as pessoas sambando e o clima de Carnaval. Quando do rapto de Blu e Jade, facilmente o sequestrador trabalha, e a polícia, mesmo mostrada bem de leve, atua de forma ineficiente. Também há o menino que perdeu os pais e com poucas condições sociais, induzido pela má fé dos adultos, o tráfico (nesse caso, só de animais), o futebol na televisão (Brasil x Argentina), o macaco sapeca que furta os turistas, e o samba, único som tocado no filme inteiro.

Belo, porém estigmatizado. O Rio de Janeiro foi definido da forma já conhecida por todos. Os estrangeiros continuarão com o mesmo Rio na cabeça. Um Rio onde as águas não fluem, o Rio de sempre. O Rio que esperam ver na Copa Mundial e nas Olimpíadas.

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Em paralelo, lembro que, numa outra ocasião, o Rio de Janeiro foi apresentado cheio de preconceitos por um famoso desenho. Também lembro, pela proximidade dos acontecimentos, a tragédia com as crianças de Realengo, e a tristeza que ainda paira no ar.

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Mas o filme atrai, sim. Vemos grandes valores, como a amizade, o amor, a cooperação e o cuidado com o próximo. Vale a pena ver. E a proposta da animação é a alegria do público, grande parte de crianças.

Ontem, 24/04, o jornal O Estado de São Paulo noticiou que Rio continua em primeiro lugar nas bilheterias da América do Norte.

É só que alguns olhares são inevitáveis. E acho muito válido conhecer as facetas da cidade maravilhosa de tantos paradoxos.

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Leia também sobre Rio nos blogs Café de Outubro e Casa Azul da Literatura

Segue em cartaz.

2 comentários:

  1. parabéns por sua análise dos estereotipos e pelos pontos que abordou. muito autoral e interessante quando escreve "Um Rio onde as águas não fluem"...

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    obrigado pelo link para meu blog. agradeço.

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  2. Obrigada pelos parabéns.

    Não há do que agradecer, seu texto ficou muito bom.

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